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patas que salvam vidas
Os cães farejadores da 4ª Seção do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará, ajudam nos resgates de vítimas com vida e na identificação dos corpos de tragédias ocorridas no país e nosso estado. O canil do corpo de bombeiros fica localizado no bairro Prefeito José Walter e fomos até lá para conhecer a rotina de treinamentos desses heróis de quatro patas.
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Nossa equipe visitou a 4ª Seção do Corpo de Bombeiros em que o time formado por bombeiros convive diariamente com os 13 cães presentes na Seção e formam um vínculo de parceria que beneficia e presta apoio à sociedade. O preparo para agir em diversas ocorrências é bastante intenso e começa ainda bem cedo, com as doações para o Corpo de Bombeiros que expressa o primeiro passo na formação e o início de uma forte relação entre o cão e seu condutor.
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Em uma entrevista com Subtenente da 4ª Seção do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará, José Maria Silva, ele explica que no incidente em Brumadinho, a equipe atuou com dois cães farejadores, Uno, da raça pastor belga malinois e a cadela Anny, que eram os dois mais experientes da equipe. Já no Edifício Andréa, cinco cães revezavam a atuação e auxiliavam os bombeiros nas buscas pelos sobreviventes e o Uno, participou de ambas as ocorrências.
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Os pequenos são retirados de suas ninhadas após os quarenta e cinco dias de nascimento, logo depois, são inseridas diversas atividades que estimulam a interação dos cachorros com o ambiente, com os treinos e com as simulações de busca e resgate.
Você sabia que os cães passam por um processo de seleção? A escolha dos animais é feita por linhagem, no processo, é dada a preferência aos cães que já possuem instinto de caça, o pastor belga e o labrador são as raças que mais se destacam nas atividades de busca e resgate no Brasil. De acordo com o subtenente Maria, o clima é um dos principais fatores que contam na hora da escolha do cão, o desempenho e a saúde do animal podem ser afetadas e comprometer as operações. No sul, por exemplo, o labrador é o que mais se destaca por ser uma raça que se melhor adapta ao ambiente frio.
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Muitas pessoas não percebem ou não sabem que os cachorros podem sofrer riscos durante as suas atuações, pois seus trabalhos também ameaçam sua saúde. Para isso, a Corporação conta com o auxílio de dois veterinários e um acadêmico de medicina veterinária que fazem parte do efetivo militar. O acompanhamento médico ocorre toda semana, especialmente nas quintas-feiras. Em casos, como Brumadinho e Edifício Andréa, são feitas avaliações médicas, onde os cães são examinados antes e após atuarem em ocorrências.
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​O cão farejador é um personagem constante na solução de casos e no resgate de vítimas. Celebrados pelo olfato aguçado e preciso, os cães usados como ferramenta nesse tipo de situação são treinados de maneira específica, desenvolvendo ainda mais a sua sensibilidade olfativa e permitindo que se tornem grandes aliados para a solução de casos variados
Nesse sentido, os cães passam por diversos treinamentos, dentre eles a busca por sobreviventes e o treinamento negativo: a busca por corpos. É importante enfatizar que a prioridade é encaminhá-los para a busca de pessoas com vida e por fim aos possíveis óbitos. O condutor deve sempre estimular o trabalho do cachorro por meio de brincadeiras e recompensas, utilizando o olfato e o instinto de caça no evento. Nesse processo é ensinado ao cachorro a sinalização, o reconhecimento do corpo, o reconhecimento do ambiente e etc.
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Os cães atuaram no desastre ambiental que deixou um rastro de mortes e lama. No dia 25 de janeiro, o rompimento de uma barragem, em Minas Gerais, causou a liberação de vários litros de lama e a morte de várias pessoas. A Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, rompeu-se, desencadeando uma avalanche de lama, a qual destruiu a comunidade próxima e construções da própria Vale. O terrível mar de lama não causou apenas prejuízos financeiros, sendo responsável também pela morte de dezenas de pessoas.
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Outra atuação e mais recente desses heróis farejadores foi em 15 de outubro no desabamento do Edifício Andréa, em Fortaleza, deixando nove pessoas mortas e sete feridas. No dia da tragédia, o imóvel de 7 andares passava por reforma nos pilares de sustentação devido a falhas na estrutura, as colunas de sustentação estavam com situação precária. O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, a cerca de três quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense.